quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Não basta dizer 'eu quero'

"Passaram alguns minutos até ela perceber que tinha sonhado, e lembrou-se nitidamente do sonhou.Estava no meio de jovens alegres, com música alta, no qual parecia ser uma pista de dança.As pessoas circulavam sozinhas até encontrar seu par e começar a dançar.Não era um baile comum, mas uma imensa dança das cadeiras.Aos poucos, os casais se retiravam e ela ficava sozinha, chorando, angustiada, no meio da pista.Logo compreendeu o sentido do sonho.Era assim que levava a vida, deambulando ao encontro de um companheiro adequado.Roberta espera e os homens passam.Sem se dividir por nenhum...
Tímida?Arrogante?Teimosa, afirma que antes só do que mal acompanhada.Tem suas razões.No seu juízo, um homem é pobre, o outro feio, alguns são burros, outros desconfiáveis.o fato é que nenhum atende às suas aspirações.É possível que ela esteja esperando por algum sinal, por uma marca luminosa que mostre o predestinado.Por enquanto, nada.Sua situação é preocupante: as oportunidades, os anos e os homens passam velozmente por ela, sem parar.
Tenho que lhe oferecer uma resposta, alguma explicação, uma dica...A primeira que me ocorre não é muito simpática, porém é válida: a Roberta está convencida de que quer namorar, mas pode ocorrer de tal afirmação não ser verdadeira, e suas atitudes, aparentemente racionais, serem determinadas por premissas diferentes, contrárias ao desejo explícito.É que é possível que a Roberta não queira o que diz querer.Nesse caso, seria vítima de uma corrente interna, desconhecida, que a afasta dos seus objetivos e a condena à solidão.Não é fácil admitir que podemos trair o que mais queremos, mas infelizmente essa evidência é freqüente e faz parte da experiência humana.Com enorme freqüência, escutamos obesos dizerem que querem emagrecer, fumantes e alcoólatras procimam sua vontade de se libertar dos seus vícios, gastadores juram que pretendem economizar.Podemos incluir nessa lista todas as compulsões (que não são poucas) diante das quais os indivíduos tentam, sem sucesso, fazer o que, teoricamente querem.
Assim, não deve surpreender Roberta que sua firme vontade de namorar seja oposta à sua real vocação inconsciente de permanecer solteira.Sua menção a um desejo esporádico por uma mulher poderia mostrar uma fraca tendência homossexual, talvez insuficiente parar modificar seu erotismo ou mudar de objeto sexual, porém capaz de diminuir ou apagar seu desejo pelos homens.Já atendi no meu consultório indivíduos de ambos os sexos congelados entre uma heterossexualidade fracassada e uma homossexualidade não assumida.
Por tudo isso, é imprescindível a Roberta esclarecer seus objetivos.Se verdadeiramente pretende namorar, casar e formar uma família, é preciso ser mais realista, analisar as atitudes concretas com as quais opera diante dos homens que atravessam a sua vida.não adianta dizer "quero", isso não basta.Seu querer precisa de uma infra-estrutura adequada.De outro modo, é se propor a vencer uma guerra, sem estratégia certa, nem exército capacitado, apenas com a intenção de vencer.
A dança das cadeiras deixa de pé os indecisos, principalmente aqueles que não querem se sentar."



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